Comunicação com empatia no mundo dos negócios
Como você reage quando ouve algo que não gosta, uma crítica, uma solicitação no ambiente de trabalho em tom agressivo ou um comentário que considera inadequado? Muitos optam por dois únicos caminhos: o ataque ou a defesa. Quase nunca, em momento de tensão ou desconforto, a opção é pelo diálogo, pela conversa franca e equilibrada, livre de jogos psicológicos e de julgamentos. Essa é a essência da Comunicação com empatia– uma relação interpessoal mediada por palavras, sem que nenhuma das partes se omita ou caia no risco de se deixar contaminar por “rótulos”, por suas fragilidades, por seu medo e insegurança. A empatia se manifesta na atitude de dar lugar à verdade e ao sentimento do outro, sem juízo de valor. Sem considerar que o quadro de realidade do interlocutor é distorcido ou menos valoroso.
Felizmente as empresas já perceberam que o colaborador com alto potencial de entrega é aquele que tem voz ativa, fala o que pensa sem impor suas ideias, discorda sem medo e questiona as decisões para trazer novas contribuições. Estamos na era da “pessoa” e não apenas do resultado pelo resultado. Depois de produzir um exército de infelizes e estressados, o ambiente corporativo está ávido por se tornar o espaço da criatividade, da vivência em conjunto, permitindo que cada um se expresse na sua verdade. Todos sabem de sua responsabilidade e ninguém suporta mais passar horas e horas em um ambiente inóspito, onde não há riso, não há transparência de opiniões, não há conexão.
Alguns passos simples, podem estimular essa comunicação com empatia no ambiente de trabalho. O primeiro é evitar conclusões precipitadas e generalizações. Sempre que houver qualquer discordância, é necessário promover um momento de conversa empática, cuja ênfase é o real interesse pelo outro. Sem levar para essa conversa situações já discutidas e pré-conceitos, mas dados concretos de realidade. Há muita diferença entre perguntar ao colaborador porque ele chegou às 8:30h na terça e perguntar porque ele vem se atrasando com tanta frequência. Quando dizemos o que aconteceu, quando aconteceu, como, sem acrescentar qualquer juízo de valor, desarmamos o sistema de defesa agressiva do outro.
Certamente as conversas difíceis exigem também a escuta ativa. Ouvir na essência é se esvaziar de si mesmo naquele momento. Olhar nos olhos com foco integral, neutralizando a ação dos diálogos mentais. A comunicação com empatia depende diretamente da escuta e isso pode ser demonstrado de várias formas. Por exemplo, repetir parte do que o outro disse para se certificar de que entendeu, fazer perguntas, não mudar o foco do assunto, parar toda e qualquer outra atividade. Jamais converse com alguém enquanto digita mensagens ou passeia com os olhos pelo computador.
Outro passo importante é saber expressar os sentimentos. Quando dizemos o que de estamos sentindo, sem responsabilizar o outro pelos nossos sentimentos, abrimos a porta da conexão. Se o sentimento é negativo, ele certamente foi gerado por questões internas que precisam ser enfrentadas. É necessário “redecidir“, como afirmam os teóricos da Análise Transacional, quando tratam de comportamentos disfuncionais. O mesmo tom de voz de um gestor pode ser recebido com naturalidade por uma pessoa e ser considerado agressivo por outra.
Um terceiro passo da Comunicação com Empatia é saber fazer os pedidos claros. Por vezes, estamos tão habituamos a lidar ou trabalhar com determinadas pessoas, que esperamos o milagre da adivinhação. “Todos precisam imaginar e atender nossas necessidades porque elas são obvias”! Será? Por mais que o trabalho seja rotineiro é necessário deixar claro qual é a tarefa, lembrando que algumas pessoas temem esclarecer dúvidas para não demonstrar fragilidade ou desconhecimento. Então, não custa perguntar: “Está claro? Posso te ajudar com alguma outra informação? Conte comigo se precisar”! Peça ajuda, peça atenção, peça desculpas, diga o que você precisa ou deseja do outro.
Os pedidos claros se tornam ainda mais importantes neste momento em que a geração millennials chega com força ao mercado de trabalho. Eles costumam ser diretos e podem levar ao pé da letra o que está sendo solicitado. Também vão dizer sem o menor receio se não concordarem com um pedido. Se prepare para a nova realidade. Nada de imaginar que um millennial vai “traduzir” o que você quis dizer, até porque a geração da realidade virtual não é dada à análises e reflexões. Portanto, seja direto.
A Comunicação com Empatia tem muitas outras características que precisam se tornar habituais dentro das corporações, mas vamos concluir com a mais potente, que é a celebração verbal. O reconhecimento positivo por muitos anos ficou em segundo plano na relação de trabalho, como se expressar gratidão por algo bem feito fosse produzir uma espécie de comodismo ou soberba. Expressar gratidão é uma das maiores forças da comunicação. Um simples “obrigado” ou “muito bem, gostei”, ativa os neurotransmissores do bem estar, como a serotonina, não só para quem recebe o elogio, mas principalmente para quem o faz. Neste momento as duas partes experimentam a boa sensação de viver e trabalhar em comum-unidade.